Nasce a Consciência

Sobre o início a Psicologia: o Estruturalismo de Wundt

Passar de um único perfil de liderança possível para oitenta e uma variantes, e depois oitenta e três, pode ser um avanço para a teoria da Liderança em geral. Mas, tal como referimos no artigo anterior, todas estas actividades de investigação, seja ao nível da Gestão, da Economia, dos Recursos Humanos, da Análise Organizacional ou quaisquer outras ciências empresariais estão interligadas, acabando por se influenciar mutuamente.

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De igual modo, as ciências empresariais não são um ovo hermeticamente fechado: efectivamente, se não fosse a própria perspectiva do Homem sobre si mesmo ter evoluído, jamais poderíamos almejar chegar a formulações como as que temos explorado.

Aliás, nem sequer haveria uma preocupação em debruçar-nos sobre estas questões, se outras não tivessem sido levantadas anteriormente, como é bom de ver.

Assim, e como já antes havíamos referido, a Gestão de Reputação de Marcas bebe também das ditas ciências humanas, nomeadamente da Psicologia e da Sociologia.

E será interessante verificar a relação entre a própria noção do Ser e o modo como isso afecta depois a visão do indivíduo sobre ele mesmo enquanto membro de uma sociedade económica, enquanto parte de grupos e portanto, enquanto líder e seguidor, enquanto criador de significações associadas a sinais (marcas), enquanto consumidor de bens e serviços marcados por chancelas, etc.

Letra Grega Psi, símbolo da Psicologia

A letra Grega “psi” é usada muitas vezes para representar a Psicologia

A Psicologia (do Grego Ψυχολογία [psykhologuía], de ψυχή, [psykhé], “psique“, “alma“, “mente” e λόγος, [lógos] , “palavra”, “razão” ou “estudo”), inicialmente, como todos os campos de estudo, não era dissociada do Saber em geral. Como diria Hermann Ebbinghaus (o criador dos primeiros testes de inteligência), “a Psicologia possui um longo passado, mas uma história curta”. Aliás, quando muito, a Psicologia era tomada como uma área mais particular da Filosofia.

Wilhelm Wundt, pai da Psicologia Estruturalista e, no fundo, pai de toda a Psicologia

Wilhelm Wundt, pai da Psicologia Estruturalista e, no fundo, pai de toda a Psicologia

Foi apenas com Wilhelm Wundt, o professor de Ebbinghaus, que a Psicologia tentou autonomizar-se desse campo, introduzindo um forte carácter científico nessa nova disciplina. Em 1879 Wundt funda o primeiro laboratório experimental de Psicologia do mundo, chamado Psychologische Institut, sob a égide da Universidade de Leipzig, cidade onde publica, no mesmo ano, o livro “Principles of Physiological Psychology” (Princípios de Psicologia Fisiológica). Esta primeira escola da Psicologia viria a receber o nome de Estruturalismo.

Recordemos que nesta fase, o que há de mais relevante, em termos do estudo da Liderança, é a Teoria do Homem Excepcional, de Carlyle. Será somente em 1911 (trinta e dois anos depois) que Frederick Taylor publicará o seu “Princípios de Gestão Científica”, mas ambos os autores seriam, no fundo, influenciados por todo o optimismo que gravitava à volta do potencial da Ciência, em geral, desde que a Revolução Industrial se iniciara, em meados do final do Século XVIII. Portanto, era mais que natural o desejo de «cientificar» tudo, incluindo o comportamento humano.

Algumas experiências dentro do laboratório de Leipzig

Algumas experiências dentro do laboratório de Leipzig

Basicamente, Wundt e os seus alunos e colegas de investigação limitavam-se a analisar, no laboratório, a relação entre estímulos simples e respostas, realizando experiências múltiplas com vários sujeitos sob estudo.

O método de eleição desta escola, chamada de Estruturalismo por Edward Titchener – um dos impulsionadores da corrente nos Estados Unidos e de que falaremos mais detalhadamente no próximo artigo – era o chamado método introspectivo: o sujeito era colocado sob o efeito de um estímulo e depois descrevia o modo como ele se tinha sentido e reagido a esse mesmo estímulo.

Como tem a consciência consciência de si mesma?

Como se descreve uma sensação objectivamente?

Obviamente que este método e pressupostos acabariam por ser postos em cheque: o Estruturalismo acabou considerado como uma perspectiva simplista da complexidade total que envolve o ser humano e excluía do estudo todos aqueles que fossem incapazes de verbalizar ou expressar a sua consciência, perante os estímulos.

Como tal, as suas conclusões muito dificilmente poderiam ser universalizadas. Para além disso, analisavam os átomos da consciência, as sensações, não levando em conta outros factores, como contexto, sinergias internas ao próprio sistema, etc.

Não obstante essas limitações, o Estruturalismo de Wundt e seus seguidores teve o mérito de abrir portas para toda uma nova preocupação com a mente humana e as suas idiossincrasias. Sem a perspectiva dessa consciência, não seria possível imaginar uma estratégia de comunicação integrada, como a da Comunicação Corporativa.

Por isso, vamos começar a explorar toda esta evolução, a partir de agora, nos próximos artigos.

Leitor: qual é, para si, a relação entre Psicologia e Comunicação Empresarial?

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